Sunday, October 14, 2007

Férias

Posso dizer que o blog anda fechado para balanço.

Mudei algumas coisas e estou melhorando minha vida.

Não que alguém vá notar a ausência de posts, mas...

Monday, August 27, 2007

Popeye

Quando era mais nova, ouvi algo que me intrigou. Não lembro ao certo se era o filme, ou um episódio em particular; sei que em um dado momento o ilustre marinheiro diz: "I am what I am, what I am, what I am".

Não sei se pela sonoridade, ou pelo excesso de repetição dela por parte do meu pai, o troço ficou no subconsciente. Guardado, por muuuuito tempo.

Hoje me vieram à cabeça, vendo imagens do que fui e o que me tornei. Num piscar de olhos tudo foi e voltou a ser. Montes de emoções passaram pela minha cabeça e a que resta é um tipo estranho de alívio.

Alívio...

... Agradecida pela possibilidade de começar de novo. Tudo por minha conta e risco. Tudo somente pelo que eu possa fazer sozinha, antes de mais nada ou ninguém.

Eu por mim. Só.

Acredito que todas as situações pelas quais passei me fizeram mais forte. Sei que a força motriz para tudo o que vai acontecer de agora em diante depende somente de mim.

Às vezes a consciência precisa de nos dar uns socos para que acordemos e saiamos da inércia.

E obrigada ao Popeye por tão importante mensagem.

Monday, July 30, 2007

Panta rhei 3

A questão é simples.

A vida é o que é.

Seu caminho quem faz é você.

Para frente ou para trás, quem vai chegar onde quer que seja são suas pernas.

O tempo não volta.

O que foi não será outra vez o que era antes.

Nem as gotas d'água são iguais.

Concentre-se em a si mesmo, para depois modificar o que o cerca.

Tuesday, July 24, 2007

Merecimento

Espero que essa merda "upe" pelo menos esse post. Preciso.

Nada melhor que colocar em letras o indizível. Assim, a alma se apossa de um corpo para passar sua mensagem. No caso, a minha.

Literalmente um trapo. É assim que estou me sentindo desde o começo do dia. Nada me anima, nada me emociona. Talvez seja os hormônios (droga de hormônios!), mas duvido ser só isso. Provavelmente bem mais.

Odeio sentir inveja da felicidade alheia. Pensar que poderia ser eu, que eu porventura poderia fazer o mesmo mas algo me faz estagnar e ficar aqui, assim. Parada, estática, sem reação. Em meio a um bilhão de pensamentos que eu odeio e me fazem odiar ainda mais o que representam: estão fora da minha realidade.

Não digo num mundo subjetivo e paralelo. Digo ao alcance dos olhos. Não aquele mundo pra onde me transporto sempre que preciso e mais ninguém sabe onde fica; e sim um entremeado complexo de possibilidades, prós e contras que, se combinados de uma maneira única e específica, poderiam chegar àquele resultado.

(Devo agradecer ao Tikrey pela breve e valiosa explicação acerca das 5 dimensões.)

É como em Heroes, no episódio "Five Years Gone", quando Hiro do futuro mostra a Hiro do presente e a Ando-kun toda a trama de suas vidas até o cataclisma da bomba em NY. Tudo se entrelaça e se conecta para chegar a um determinado ponto. Porém, a mudança só acontece a partir da alteração do primeiro elo que gerará toda aquela cadeia de acontecimentos.

Infelizmente, ao contrário do fantástico Hiro (interpretado por Masi Oka), não tenho poderes para controlar o tempo e o espaço. Mesmo se quisesse, os elos dessa corrente são muito delicados para serem movidos e remexidos a torto e a direito. Vou ficar por aqui então, apenas pensando e tentando trabalhar melhor na cadeia da minha vida de agora em diante.

De preferência, sem precisar olhar para trás.

Thursday, July 12, 2007

Merda de blog

Não agüento mais tentar publicar minhas postagens e esse cu desse blog deixá-las somente como rascunho.

O QUE RAIOS ESTÁ ACONTECENDOOOO???

Aff ¬¬'''

Wednesday, July 4, 2007

E ou ñ E?

Ultimamente tenho sido tomada por uma sensação que já não me é estranha há algum tempo.


Sabe quando você olha ao seu redor, vê as pessoas, o ambiente, as coisas que acontecem em volta e pensa "o que raios eu estou fazendo aqui"?! É a sensação de não pertencer.


"Sensação de não pertencer? Como assim?"


Lembra lá no comecinho do ensino fundamental, quando a gente aprendia que tal elemento pertencia ou não a tal conjunto? Pois é basicamente isso.


A primeira vez me senti assim foi no período da minha formatura. No primeiro evento - a colação de grau - eu olhava para os lados e procurava alguma coisa. Não eram meus pais, meu irmão, meu namorado, primos... nada disso. Eu olhava ao redor e não via o motivo de toda a empolgação das outras pessoas.


A mesma coisa aconteceu na missa e em uma escala mto pior, no baile. Fui nominalmente a presidenta da minha comissão de formatura e o baile pra mim foi como uma festa de casamento de um conhecido. Muita gente que eu gosto, amigos de adolescência, alguns da faculdade, família, etc. Mas... faltou. Parecia que o ambiente em que eu estava era completamente paralelo àqueles à minha volta.


"Deslocada" talvez seria a melhor palavra.


Culpa dos anos que passei sem vida social alguma? Talvez. Mas culpa inteiramente minha, principalmente. Quem sabe - até - por mudanças pelas quais estou passando e provavelmente ainda vou passar. Mudanaças no comportamento e na maneira de pensar. A mesma Amana dos tempos do CM voltando à ativa, só que mais madura, responsável e com mais contas (leia-se dívidas) para pagar.


O episódio da formatura foi só o começo. De lá pra cá, tenho me sentido assim com uma certa freqüência. Mais do que eu gostaria, diga-se de passagem.


Dizem na escuridão sempre pode surgir uma réstia de luz.


Senti que realmente pertenço quando comecei a freqüentar o AVESTRUZ ANIME GROUP. Apresentada a eles pelo meu irmão, descobri aos poucos que são mais que um monte de otakus rpgistas metaleiros nerds e loucos (como dizem aqueles que gostam de estereotipar). Somos (sim, SO-MOS!!) uma família. Uma família sem pai ou mãe ou que mande você desligar o computador e parar de ouvir músicas esquisitas. Mas uma família.


Não falo isso por causa da surpresa (linda, por sinal) de aniversário que fizeram pra mim na festa junina do último sábado. A surpresa foi mais que um presente, foi uma marca que ficará pra sempre em mim e eu serei eternamente grata por isso.


Digo que sinto pertencer porque é diferente quando se sente aquele aperto no coração quando vai chegando domingo, que antes era um dia tão sem graça e agora é tão esperado. Dia de rever os avestruzes. Dia de rir, contar piadas e dar montinho. Dia de tomar um milkshake de 500 ml. ou não tomar (questão de honra). Dia de olhar para aquela pá de gente e pensar: "meus amigos são ótimos".

Obrigada por fazerem com que eu sentisse que pertenço. Vocês tem um lugar especial guardado no meu coração.

Wednesday, June 27, 2007

Pais e filhos

Há algumas semanas venho pensando a respeito de filhos.

Sempre tive vontade de ter um punhado, um monte, uma horda deles. Nada de filho único nem de "casalzinho"; um bando de filhos. Devaneios de criança, que acha sempre que pessoas como ela são muito mais legais que as outras que existem no mundo.

Algumas notícias me fizeram refletir mais a respeito.

Primeiro, o caso da doméstica que "teve a bolsa roubada e o rosto fraturado depois de levar chutes de jovens moradores de condomínios da Barra da Tijuca que a confundiram com uma prostituta". Filhinhos de papai que sempre tiveram tudo na mão e resolveram fazer gracinha para contar para os amigos no dia seguinte. Dêem uma olhada.

Segundo, o caso dos pais que foram assassinados na frente dos filhos, numa tentativa de assalto.

Mais do que nunca, pensei em tudo o que diz respeito a filhos e sua criação.

Como você põe um filho no mundo como o nosso? Não se tem garantia de que ele será uma boa pessoa, se vai respeitar os mais velhos e os mais novos, vai ser caridoso, vai ser bonzinho, vai dar trabalho tanto novo quanto crescido...

Infelizmente não dá pra saber...

...

Pensar e pensar. Daqui há uns muitos anos eu penso de novo.

Hoje vou me contentar em acompanhar as notícias e torcer para que eles tomem no cu. Nos dois sentidos.

Wednesday, June 13, 2007

Retratação pública

Depois do episódio de ontem da sacola enorme nos pés, venho me retratar publicamente. Não por ter ficado chateada pelos meus planos terem ido por água abaixo; mas por ter que reconhecer que existe alguém tão bom em planejamento quanto eu. E muito melhor em surpresas.

Confesso que não imaginava o que estava por vir depois que saí da agência ontem. E digo que foi muito além do que qualquer coisa que eu pudesse querer ou imaginar.

Azar o meu se fiquei ontem com "cara de boi de abatedouro" a tarde toda. As horas depois das 18 foram melhores que quaisquer outras.

Azar se eu carreguei q nem uma baranga aquela sacola enorme e amarela pela Afonso Pena acima e abaixo. Azar se fiquei com nó na garganta. Azar se não saiu como eu tinha planejado.

Alguém tinha um plano melhor.

Apesar de um pequeno "percauso de percurso", foi uma cartada de mestre.

Não fiz idéia, não desconfiei, não percebi.

Chorei na frente de sei lá quantas pessoas estavam no ponto do ônibus, mais de não sei quantas estavam no restaurante, mais sozinha depois de chegar em casa. Recebi presentes escolhidos a dedo e com um zêlo que - provavelmente - só eu teria.

E depois de uma noite linda e cheia de coisas boas (que estão surtindo efeito em mim até agora), devo admitir algo que sempre soube: encontrei um "adversário" a altura.

Feliz dia dos Namorados, Michel.

Você é mais que especial. Obrigada.

Tuesday, June 12, 2007

What now?! O.o

Sempre fui suspeita para falar de planejamento.

Planejar como gastar o dinheiro da poupança, quando comprar aquela roupa caríssima que você viu e se apaixonou, quando ter filhos, o que estará fazendo daqui há 5 anos, como ficar milionário e viver como um marajá. Oportunidades que às vezes passam, seja de conseguir o que se quer ou de simplesmente deixar a caixola descansar.

Planejamento...

... como eu fui cair nessa?

["Casa de ferreiro, espeto de pau" = meus pais são bons planejadores (o que não significa necessariamente que também sejam bons executores)]

Agora eu fico aqui, com cara de boi de abatedouro e uma sacolona enorme e amarela nos pés. Ao olhar para esse "pacote", a primeira coisa que me vem à cabeça é:

"Onde eu vou enfiar isso...?"

[Insira sua piadinha de duplo sentido aqui]

Depois de a cabeça rodar mais de 1440º, vem à mente uma definição interessante do meu pai: estou me achando uma burra com iniciativa. Isso deveria ser proibido pela constituição. Pessoas burras não deviam ter iniciativa; pessoas com iniciativa não deveriam - JAMAIS! - ser burras.

E depois de mais essa, só me resta lembrar que "não se deve atribuir vontade ao inimigo" (ou amigo, ou primo, ou vizinho, ou cachorro, ou periquito, ou à sua professora de Dialética, ou namorado, enfim...). E não anseie muito por surpresas, elas podem surgir de uma maneira que você nem imagina...

--------------------------

Feliz dia dos Namorados a quem de direito.

Wednesday, June 6, 2007

C'est finni

Confiança. Algo que se conquista.

Respeito. Necessário e inerente ao ser humano.

Mas que qualidade de pessoa não consegue aplicar isso? Ou pior: consegue dissimular ou compreender ambas?!

A confiança aumenta o respeito.

E coisa que não suporto é falta de confianaça dissimulada.

Se confia; confia e dane-se o resto. E se as coisas estão resolvidas, já foram conversadas e - supostamente - acertadas, tudo ok.

Odeio gente que diz que confia e desconfia. Odeio gente que finge que entende mas não quer entender. Que desenterra coisas passadas. Que precisa se afirmar para os outros.

Se você precisa se auto-afirmar na frente dos outros e denegrir a imagem de alguém que não tem NADA A VER com a sua incompetência e falta de capacidade, acredite: você é apenas mais um coitado que não vai conseguir nada na vida.

Não culpe os outros pelos seus erros. Nem pela sua falta de capacidade.

E "c'est finni".

Saturday, May 26, 2007

Novamente

Imagine rodar por aí e encontrar outra pessoa, a sua própria imagem e semelhança, quando menos se espera.

Alguém que faz a amizade fluir tão facilmente que é como se conhecessem desde que nasceram.

Nunca aconteceu com você?

Pois aventure-se.

Eu encontrei essa pessoa em Aracaju.

Confusa...

Não vejo se valeu.

A vista está embaçada.

Ah! Já sei o que é!

São os meus olhos.

-.-

Pensamentos que estão onde não deveriam

Acontece com qualquer um.

Você está num ônibus, por exemplo, e vê um senhor tentando, com muita dificuldade, vencer a roleta. O trocador ajuda, segura sacola, dá um sorrisinho amarelo, diz que não tem problema. Aí você pensa: "Nossa, bem que ele podia catar cavaco, ia ser hilário". Então, como num passe de mágica, o senhor consegue transpôr o obstáculo, mas misteriosamente se desequilibra e cata um cavaco até onde você está sentado. E a vontade de rir? Esconda-a se não quiser levar xingo.

Mas não é exatamente disso que estou falando. Afinal, nessas horas e com o presente humor, um pouco de graça faz bem.

Digo de coisas que já deviam ter ido embora da cabeça há tempos. Coisas que não deveriam ser cogitadas nem no mais profundo dos pesadelos.

Coisas pelas quais eu passei e tomei muita naba pra aprender que não dependem só de mim.

E por quê elas voltam?! Muitas vezes eu me pergunto.

Simplesmente porque eu as quero. Simplesmente por não serem coisas ruins e serem completamente possíveis e viáveis.

Mas não depende só de mim.

E não vou me matar por algo que eu não tenha pelo menos 80% de chances de saber que vai dar vingar.

E tenho medo. Medo dos fantasmas que - agora - rondam minha mente, me falando "n" coisas das quais menos da metade eu quero ouvir.

Aí eu entristeço.

E hoje me darei o direito de ficar de mau-humor.

Tuesday, April 3, 2007

Verdadeiros animais

Não foram as primeiras pessoas que me disseram isso.

"Sinceramente, acho que quem tem mais pena de animal do que de gente tem sérios problemas mentais".

Felizmente, eu me enquadro na categoria.

Nas minhas andanças pela net, clicando em um link aqui e outro ali, vi uma notícia que me deixou completamente chocada.

Compartilhe comigo essa informação e divulgue se quiser.

Depois disso, eu tenho certeza de que os verdadeiros animais IRRACIONAIS são os sem pêlo que andam - eretos - em duas patas.

Porque normalmente os animais têm um instinto ancestral de auto-preservação da espécie. Normalmente, os animais não matam uns aos outros para conseguirem o que querem. Não prejudicam o todo em proveito de uma minoria; muito pelo contrário! Unem-se em prol de uma causa sempre maior, seja ela a busca por alimento, a demarcação de um território ou procura de um abrigo contra o frio.

E nós?

Nós?

Nós roubamos. Matamos nossos semelhantes. Estupramos, enganamos, humilhamos, menosprezamos, abandonamos nossos iguais à própria sorte. Temos medo daqueles que se parecem conosco. Fechamos sempre o vidro do carro quando um outro, um pouco (ou um tanto) mais mal arrumado chega perto, esticando as mãos magras para mendigar um trocado.

"Ora, sabe-se lá se vai me assaltar?! E se o dinheiro não for pra comprar comida ou remédios, e sim para bebida, drogas, etc"?!

Aí azar o nosso, porque a culpa por existir esse pré-conceito na mente das pessoas é nossa também. Surgiu quando, pela primeira vez, um homem enganou seu irmão. Daí em diante, é cada um por si, a lei do Talião é a que reina.

Baseando-se nisso, vamos usar um pouquinho de lógica aqui:

Uma vez que quem incutiu em nossas mentes esse pré-conceito fomos nós mesmos; e ele, por sua vez, nos impede - muitas vezes - de ajudar os muitos que necessitam realmente em virtude das más experiências vivenciadas com aqueles que são vagabundos; logo... nós somos os únicos responsáveis pelas tantas pessoas que morrem de fome, frio, e outras mazelas todos os dias.

Mais uma vez, um pouco de lógica:

Se fazemos isso com nossos semelhantes, que dirá com os outros animais...


Estes já não podem se defender, não podem revidar um soco, um pontapé, um tapa, ou qualquer outra agressão causada por um idiota bêbado na frente de um bar.


Não podem ir à televisão contar sobre um outro cretino que o amarra a um carro e sai pelas ruas, fazendo com que seu corpo se desmantele aos poucos e cause, a você e aos filhos inocentes que tinha no ventre e não tiveram - GRAÇAS A DEUS - a oportunidade de colocar os olhos neste mundo, uma morte horrível, lenta e penosa (assim como aconteceu com João Hélio - Deus te tenha em um bom lugar, menino; e tenha compaixão da sua família).


Não podem ligar para uma ambulância se um filho da puta lhes der uma comida envenenada,

trazendo você uma morte silenciosa e aparentemente sem motivo, causando a todos os que o amam revolta e dor inconsolável.


Também não podem ligar para a polícia e fazer exame de corpo e delito se um outro filho sem mãe lhe joga querosene nas costas ou lhe ateia fogo por pura diversão.


Não são colocados - nem por consideração - em um abrigo especial quando estão mais velhos e precisam de cuidados especiais. Não podem denunciar a família por abuso e maus tratos, e têm a certeza de que, mesmo que uma alma caridosa denuncie, as chances de alguma justiça ser feita ou de sair dessa situação são mínimas.


Não podem sentar no meio da rua com uma vasilhinha e pedir uns trocados. Não sabem tocar banjo, sanfona ou qualquer coisa do tipo.

Só sabem ser o que são. Animais.

Me dê razão ou não. Só faço um pedido encarecido que, mesmo que você não goste, ou tenha medo, não maltrate. Você pode estar machucando quem poderia ser seu melhor amigo ou alguém que é parte de uma família e está perdido, confuso e assustado. Se puder, ajude. Avise na veterinária mais próxima. Fotografe. Mande e-mails para os seus contatos. Tenho certeza de que eles vão agradecer.


E depois de ouvir o que ouvi, e de ler o que li, tenho ORGULHO de dizer:


"Então, eu tenho problemas mentais seríssimos. E acho melhor não maltratar animais na minha frente, ou eu posso ficar realmente fora do controle..."


E coopere para fazermos - talvez - um mundo melhor para aqueles que ainda terão chances de aproveitá-lo.

Tuesday, March 27, 2007

Casa

Hoje me ocorreu um fato estranho. Senti saudades de casa.

"Ora, mas todo mundo sente saudades de casa de vez em quando".

Sim, mas senti saudades de casa DENTRO de casa.

Estava pra sair para o trabalho, quando fui despedir-me da Filha. Sentei ao seu lado por alguns instantes e me peguei mirando o quintal de ardósia, que conheço há mais de duas décadas.

Estava vazio, exceto por algumas folhas da parreira espalhadas pelo chão. E silêncio.

Senti um aperto estranho, um vazio no peito. Enorme, lascinante, pura agonia. Me senti completamente só. Quer dizer, senti que eu e a Ártemis, naquela casa, estávamos completamente sós.

A casa que há alguns anos abrigava tanta gente que não se podia atender um telefonema com privacidade. De Natais passados, onde encontrava todos os primos, tios, tias e mais um bocado de gente. De dias de calor, de banhos de mangueira, de alguns gatos na porta da cozinha, da macarronada com arroz e feijão que só Dona Dila sabia fazer.

E me peguei assim, com um nó na garganta que me sufocava.

Senti a casa vazia. Pela primeira vez em muito tempo. Foi como um longo filme passando diante dos meus olhos. E sei que a Art sente também, muito mais do que eu.

Pela primeira vez, senti falta de casa. Mas não do lugar onde se mora, e sim do lar; que consiste em todas as pessoas que por lá passam e lá convivem. Senti saudade das conversas animadas das seis cajazeiras, das conversas loucas dos tios, da peruca de um outro, da magreza e do "mau-humor" brincalhão do que já se foi. Senti falta do Passat branco, do pão de cebola, das guerras de almofada, dos pique-pega, dos aniversários e churrascos.

Senti falta do meu pai, da minha mãe e do meu irmão. A verdade é essa. Mesmo convivendo(com certa freqüência) no mesmo espaço e morando na mesma cidade, a uma distância de 15 minutos uns dos outros.

Pela primeira vez em muito tempo, acho que voltei à realidade. Como mudamos e nos tornamos o que somos hoje.

Senti falta de mim também. Não de quem eu fui, nem de quem poderia ter sido; mas do que poderia ter feito. Muita coisa passou e muitas coisas ficaram não ditas, coisas que lamento profundamente até hoje.

E agora estou aqui, experimentando a minha realidade. Não quero nada além do que mereço e do que posso arcar. E fico também com a minha saudade. Faz bem chorar um pouco e acho que já tive a minha cota de hoje.

Agradeço a Deus cada instante passado ao lado dessas figurinhas que fazem os meus dias mais leves e as noites mais cheias de pêlos.

Saturday, March 17, 2007

Panta rhei 2

Eu disse há uns dois posts atrás que tudo flui.

"Nada se perde, nada se cria: tudo se transforma".

E hoje li algo que me deixou muito feliz.

Vi a evolução de um grande amigo que há alguns anos era só razão. Hoje, ele escreveu o que segue:

"Mas aí é isso, Amana, o ser humano é inesgotável. Continuem sempre se conhecendo e partilhando o que sentem, como frustrações, alegrias, pensamentos, decepções, tristezas, desejos, sonhos, etc. E vivam emoções juntos, fazem sempre o que gostam juntos, procurem sempre fazer o que gostam e não deixem as obrigações consumirem vocês nem privarem vocês dessas coisas prazerosas. Elas só fortalecem a relação."

É isso aí, amigo. Deixa a emoção amornar seu coração. Assim como a razão amansou um pouco o meu.

E nunca se esqueça: "Panta rhei".

Thursday, March 8, 2007

Somente

Vim escrever hoje sem motivo.

É... estou à toa, sem muito o que fazer. Vim escrever.

Dizer simplesmente que, apesar dos problemas restantes pós-festas de formatura, vejo as nuvens negras se dissiparem no horizonte.

Vejo o sol cada dia mais lindo, atravessando a parreira com seus raios e iluminando toda a casa.

E espero dias melhores.

Melhores porque já estou quase de pé novamente. Quero retomar minha vida e algumas coisas que ficaram em segundo plano no meio de toda a loucura que passei no último ano. Quero fazer e acontecer. Quero "ser" mais do que "ter". Quero aprender sem apanhar muito. Quero conviver melhor com quem não conheço bem. Quero perguntar primeiro e julgar depois. Quero soltar as pedras que carrego nas mãos e nos bolsos, prontas para serem atiradas. Quero sorrir mais, sair mais, beber mais, comer mais coisas gostosas, brincar mais e me preocupar menos com os problemas.

Quero me descobrir mais ainda junto dos que amo.

E continuar tão doida quanto dizem que sou.

"MAKTUB"!

Wednesday, February 14, 2007

Panta rhei

Heráclito disse que não se pode banhar duas vezes no mesmo rio. Lembro-me que quando o ten. Rubens nos disse isso - no meu tempo de Colégio Militar - muita gente não entendeu isso.

Eu entendi e continuo descobrindo cada vez mais coisas que me convencem de que ele estava certo.

"Panta rhei". Tudo flui. Tudo se modifica. Nada é constante, fixo ou imutável.

E eu me sinto assim.

Passei por muitas coisas desde o final do ano passado e começo desse. Posso dizer que em três meses eu me tornei uma pessoa completamente diferente.

"Mas eu não vejo isso, Amana. Tá doida?"

Não. "Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia", já dizia Shakespeare. Outra pessoa que considero inteligentíssima, apesar de um pouco dramática.

Uma pessoa pode mudar e ninguém perceber do mesmo modo que pode dissimular a voz e as feições para que ninguém saiba o que realmente pensa.

"Ah, tá querendo ser diferente agora é?"

De novo, não. Diferente eu já estou. O que realmente importa é o quanto esse diferente vai transformar o mundo ao meu redor e o dentro de mim.

O que mais importa é isso.

O fluxo eterno e inevitável das coisas. Resta saber quais serão as conseqüências dele. De cada encontro da água com a pedra, de cada cheia, de cada seca, de cada ser que morre e encontra seu eterno descanço no rio.

As palavras de ordem hoje são "panta rhei".

Por bem ou por mal.

Monday, February 5, 2007

Sobre mim mesma

Antes de ter orkut, achava meio complicado falar sobre mim mesma. Mas ultimamente, tenho me acostumado e feito coisas até bacanas.

Esse é meu perfil atual: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=16662838242034672409

Esse é o que virá em breve:

"Novamente, tente enxergar além do óbvio...

Além da mulher, da menina, do bichinho ou do bibelô.

Além das divagações sobre a vida e além dela.

Além do que vejo e você nem imagina.

Além dos muitos livros lidos e dos muitos que ainda lerei.

Além do amor insano pelos animais e que me faz ser "Chiquinha de Assis".

Além da devoção por São Pedro, da gratidão a Deus em todos os momentos e do respeito a Maria.

Além da multifuncionalidade e da "inversão diversa das direções trocadas e erradas".

Além de ser frenética e falar mais palavras por minuto que uma pessoa normal. E de deixar a voz infrasônica quando nervosa.

Além dos escritos profundos e/ ou desconexos e das convicções.

Além das palavras na tatuagem que ninguém até hoje leu certo (e que regem a minha vida).

Além das tentativas de ser uma pessoa melhor e mais firme.

Tente enxergar além de tudo isso e veja somente a mim.

Carne, osso, espírito e idéias.

Sou movida pela serenidade do amor e pelo fogo das minhas paixões.

Escrevo por prazer e faço do meu prazer meu ofício.

Minha família me sustenta.

Minha filha me consola.

Meu querido me completa e respeita como igual.

Meus amigos-irmãos me equilibram.

Eu me levanto e sigo em frente. Sempre. Sem olhar pra trás.


Porque a vida é feita de “encantos e desencantos”. É feita de decisões severas e de arrependimentos avassaladores. De noites mal dormidas e de idéias vivas que rondam nossas mentes nas horas mais impróprias.

E quando o vento sereno da propaganda vai de encontro ao tufão ágil da publicidade, me vejo no olho do furacão. É aí que me liberto e sou completa e simplesmente eu mesma.

E quando minha intuição me diz que algo está errado, eu repenso meu caminho. Revejo minhas estratégias e realoco meus recursos. Para então seguir em frente.

Então não se assuste quando me vir mudando da agilidade costumeira para um silêncio um pouco letárgico. Como canceriana, estou dentro da casca. É apenas o descanso ilusório de uma mente que não pára.

Estou apenas em meio a uma tempestade de idéias. Estou remontando minhas estratégias e colocando tudo em ordem para que tudo saia dentro dos conformes.

E não pára por aí..."

-------------------------------

Formatura chegando.

Várias semanas de estresse pra uma de calmaria (será?!?! Tomara Deus!)...

E acreditem: serão três noites memoráveis.

Me aguardem.

Monday, January 22, 2007

"Isn't it ironic? Don't you think?"

O coração é enorme, bem me diziam.

Levar consigo as mazelas do mundo não adianta, sabe-se disso.

Ver a vida e deixá-la simplesmente como está é injusto.



Um coração quente como poucos.

Grande como menos ainda.

Machucado como alguns outros.



Bóreas sopra infernal como nunca e castiga sem cessar as frágeis e ágeis fibras que cobrem o centro de tudo.

Maltratado, rasgado, ferido.

Pulsando, mesmo contra o vento.



Bóreas... por que?



Num repente, as placas de gelo ficaram mais sólidas.

O que era antes molestado endureceu-se a ponto de molestar as grossas placas de gelo.

Quebrou-as num instante.


E o que era antes só calor, só calmaria

Soube que poderia tornar-se mais do que era.

Podia ser tempestade. Ser mais gelado que Bóreas.


E entendeu que, às vezes, é preciso ser suave para ser forte. É preciso ser firme para ser manso. É preciso bondade para enfrentar a dor. É preciso frieza para aquecer outro coração.

Friday, January 12, 2007

Hoje, eu só quero...

1) "Resetar" o dia;
2) Chegar em casa;
3) Dormir direito;
4) Massagem para melhorar a dor no ombro;
5) Remédio para a dor de cabeça;
6) Ver mais filhotes de cachorro (na feira do Del Rey, quem sabe?!);
7) Dormir mais um pouquinho;
8) Comer comida da mamãe;
9) Rir bastante com as pessoas que eu amo;
10) Passear, ver filme e deitar com a Ártemis;
11) Chupar manga e uva;
12) Sentir o cheiro de folha molhada depois da chuva;
13) Colocar minhas pernas curtas para cima;
14) Tomar um banho com sais de erva doce;
15) Escrever algumas coisas importantes na agenda;
16) Resolver mais coisas na minha vida;
17) Ter surpresas boas no trabalho;
18) Decorar "REDEMPTION";
19) Ganhar coisas bonitinhas;
20) Ficar tranquila.

É incrível como escrever me acalma.

Meu dia começou azedo... e acho que vai terminar bom.

E o próximo cachorrinho está a caminho, aguardem...

Sunday, January 7, 2007

Koan


De volta.

Resolvi dar um tempo nos escritos enquanto ajustava a minha vida.

Milhares de coisas aconteceram nesse meio tempo, o que foi suficiente para me dar novas energias pra começar mais um capítulo dessa vida insana.

O que me deu vontade de voltar foi uma coisa que aconteceu hoje há pouco mais de uma hora.

Dizem que o pássaro azul é o símbolo da felicidade. Sempre me perguntei por que tinha que ser um pássaro, ainda mais azul. Com o passar do tempo aprendi que isso era meramente uma formalidade, uma normatização para que a cabeça das pessoas pudesse funcionar mais uniformemente. Ainda bem que eu nunca gostei de padrões.

Estava lá fora, varrendo o quintal. Minha mãe me chamou para colher uvas, coisa que não acontecia há muito, muito tempo. Rimos, brincamos, quase caí da escada (¬¬''), colhemos mais de uma bacia de uvas julianas, muito roxas e doces.

Voltei à minha tarefa inicial, terminei de varrer e comecei a molhar o quintal e o topo da parreira. Qual não foi a minha surpresa ao ver uma folha se mexendo loucamente até parar numa outra folha.

Estava louca? Não.

Foi a primeira vez que eu vi uma borboleta verde. Veja bem: VERDE. Totalmente. Não é como a maricota, que é rajada de amarelo e laranja. Simplesmente verde. Achei que fosse uma folha porque suas asas imitam exatamente as ranhuras da folha da parreira.

Fiquei imóvel, olhando aquilo. Até que me deu um estalo, busquei minha máquina e registei o momento. Boas fotos que vocês conferem no final do post.

"Tá, que ótimo. E por que a arenga sobre o pássaro azul lá em cima?!"

Explicar-vos-ei.

Sempre preferi borboletas a pássaros (apesar de amar todos os animais - exceto os peixes). E descobri que, em algumas crenças, elas representam o nascimento, a vida. Em outras, representam a passagem, a morte. Verde é a minha cor favorita, desde que me entendo por gente. É uma cor que me fortalece e me inspira.

Tomei então a liberdade de fazer da cena e do fato um koan (como me ensinou o Otávio).

Numa primeira análise, temos a borboleta verde, misturada às folhas da parreira. São coisas aprendidas que retornam à mente e colidem com o símbolo da minha infância, de boas lembranças, de sensações que eram cada vez mais raras, e que agora estão voltando aos poucos. Uma mistura de um sinal de boa sorte com as coisas que devem realmente ficar para a nossa vida - as boas sensações e o aprendizado. Além disso, a dificuldade de perceber a borboleta no meio da paisagem mostra como são raras as oportunidades de termos consciência de coisas como essas, que tornam nossa existência menos vazia e mais complexa; nos deixa menos acomodados e ignorantes.

Essa é só uma interpretação de muitas. Estou trabalhando na segunda interpretação ainda.

Espero que muitas borboletas verdes ainda apareçam para mim. E que me tragam tantas coisas boas quanto essa primeira.

E tente encontrar a borboleta. Um exercício de observação bem bacana.