Monday, May 12, 2008

"O bom filho à casa torna"

Fui movida por uma insana vontade de voltar a escrever.

Não que alguém leia, mas as palavras dentro de mim têm vida própria. E travam batalhas homéricas dentro de mim quando teimo em não deixá-las fazer o que querem. Entro em uma espécie de "transe consciente", que tenho impressão de ser o mesmo pelos quais passam os médiuns espíritas quando recebem entidades (segundo o que me relata meu pai): estou aqui, fisicamente, digitando ou empunhando lápis ou caneta, e as palavras fluem, saem, sem que eu as veja, tomando a forma que querem e bem entendem.

Voltei, enfim. Voltei principalmente por saber que sou eu. Uma pequena vitória para quem tem lutado há muitas luas para conseguir sair do primeiro passo; mas ainda assim, vitória.

Sei quem sou e quero ser mais. Nada além daquilo que já exista dentro de mim. Infelizmente, aquém do que esperam de mim, eu sei. Tenho um defeito que me torna inapta (?) para preencher as expectativas: a cabeça anda muito na Lua.

Não que eu seja lerda ou algo parecido. Mas meus sonhos parecem tão plausíveis dentro do meu tempo que as dificuldades se tornam imagens borradas mesclando-se à paisagem cotidiana. Está tudo tão claro, meu Deus!, como é possível que mais ninguém veja o que eu vejo?

Então continuo andando em gravidade zero, sentindo-me leve, coração levado com a maré. "Sendo como a areia onde a onda vem bater", sempre... Sentindo o corpo levado e trazido, saboreando os prazeres e as dores de ser eu. Tendo como bússola os meus sonhos, como guia, a fé na minha capacidade o no meu talento.

Queria ser mais. Queria poder fazer os olhos daqueles que amo brilharem cheios de orgulho, mas por enquanto não consegui. Quem sabe, um dia? Por enquanto, me satisfaço em deixar o corpo leve, dançando com as ondas, e os sonhos se alimentarem dos meus pensamentos para ficarem fortes até o dia em que, revestidos deles, se tornarão tão plausíveis quanto a minha pessoa.

Por enquanto, fico feliz em ser o que sou. Dar um passo de cada vez para não embolar as pernas. Deixar a cabeça na Lua enquanto o corpo trabalha aqui, para que tudo seja feito no seu devido tempo.