Friday, February 27, 2009

The price to pay

O princípio quase justo da "troca equivalente".

Quando aceitamos e começamos a "praticar" um dom, assinamos um contrato, um acordo vitalício com as forças que regem o universo. E não há como abrir excessões ou burlar o contrato, uma vez que a natureza misteriosa que rege o dom é a mesma que rege o contrato.

Dentre os dons que conheço, a premonição (em qualquer de seus níveis) é o que mais oscila entre bênção e maldição. Saber o que acontecerá ao custo de não conseguir mudar o futuro: é justo? Não sei.

Sonhos de duplo sentido são elucidados por sinais. Sinais estes que não podemos ignorar, regras do contrato. E como uma troca justa, recebemos uma "dica" em troca do nosso bem, muitas vezes.

No meu caso, hoje, sei que vou ser privada de saber algo que vai me acontecer. E pra não acharem que estou louca quando chegar às vias de fato, deixo registrado aqui.

Não me arrependo da minha escolha. Sinto apenas não poder fazer mais.

Monday, February 16, 2009

Segundo post do dia

Nota mental:

"A ignorância é uma benção". Mas somente se você tiver medo de se afogar.

(homenagem singela à amizade com o Otávio)

Depois da tempestade...

Período de tempo sem postar: mais de 2 meses. Tempo suficiente para um tornado vindo dos quintos das profundezas arrasar tudo o que tinha dentro de mim.

De lá pra cá, perdi a fé em tudo, desejei mais do que nunca sumir, tentei encontrar sentido nas coisas e falhei e por fim, meu namoro de três anos acabou. Parecia que o universo havia conspirado para que tudo que havia em mim se tornasse nada mais que um monte de escombros e ruínas. Já vi muita gente fazer asneiras contra a própria integridade física por muito menos. Eu, por minha vez, me vi jogando a toalha e saindo de cena. A princípio, obviamente.

Bom, a toalha eu havia jogado fazia tempo. Há aproximadamente um ano nada fazia o menor sentido pra mim. Dói admitir, mas não tenho lembranças de 2008. Por lembranças, chamo aqueles pequenos fragmentos do passado que surgem às vezes na nossa mente e nos balançam o coração; coisas boas, coisas ruins, não importa; basta saber que nos fizeram crescer e evoluir.

Sair de cena. Opção sempre viável. Mas não pra mim. Apesar dos pesares, eu sou uma pessoa extremamente teimosa. Sorte ou azar, senti que o que eu poderia fazer pela relação talvez ainda não estivesse terminado, então... paguei pra ver.

As duas primeiras semanas foram... curiosas. Sempre fui uma garota "pra casar", nunca fui de baladas, de sair, de ficar com N pessoas. Mas o que fazer quando tudo o que se era deixa de ser do dia pra noite? Recomeçar do zero, obviamente. E nada melhor pra começar a reconstruir que sanar curiosidades pendentes, que sempre habitavam a cabeça. Conclusões tiradas dos experimentos dessas semanas? Eu sou um péssimo cupido. E ser eclética é muito bom.

De lá pra cá, muita coisa aconteceu.

Nunca me arrependi de ser "o menino esquisito no clube do Bolinha". E cada vez mais, eu amo meus amigos com todas as minhas forças, de todo coração. E SIM, amizade entre homem e mulher existe. "Sem interesses? Pelo menos uma única vez entre as partes"? Hm... eu não arriscaria tanto. Mas tudo faz parte da roda da vida. E nada acontece por puro e simples acaso.

Minhas amigas... ah, essas mulheres da minha vida que conto em uma mão. São meu colo, meu ombro e minhas risadas em tempos difíceis. Por elas eu viraria lésbica; e fico feliz por não haver necessidade disso, pois todas são hetero. Meus tesouros raros na Terra.

Quando algo fora do nosso controle acontece, lidamos com o que chamo de "teoria da rua sem saída". Imagine a situação de um casal. O rapaz resolve pelo término do relacionamento. A garota, por sua vez, depois de esvaidas as tentativas de conversa, fica impotente numa situação de "não-escolha": se um dos dois quer terminar, eles vão terminar. Fato. Então, ela está na rua sem saída. Perante isso, duas opções vão determinar o desenrolar dos novos fatos. Ela pode simplesmente ficar olhando para o muro no fim da rua, inerte, pensando; ou pode virar-se para tentar encontrar outros caminhos que levem ao seu destino.

Já olhei pra parede tempo demais. O melhor que fiz foi tomar a iniciativa de pensar em alternativas daqui pra frente.

Fechar-se ao novo e ao desconhecido não é algo razoável. Se desfazer de tudo o que era também não. Retomar antigos hábitos que nos faziam bem e incomodavam os outros é simplesmente maravilhoso. Rir à toa é um estado de espírito, sinal de jovialidade que não deve esmaecer com o tempo. Agradecer sempre as oportunidades e os desafios que surgem todos os dias. Ter certeza de que fizemos o que estava ao nosso alcance é fundamental para seguirmos adiante. Leveza não é somente não se preocupar em demasia, mas sentir a alma em uma tranqüilidade tal (SIM! COM TREMA!) que ela parece boiar ao sabor de ondas dentro da gente. É deixar as coisas acontecerem, se permitir sentimentos e situações diferentes daquilo que sempre foi.

As dificuldades vêm e vão, e no meio de toda a nossa loucura, podemos somente nos levantar depois de cada queda, e retomar o caminho ao qual nos propusemos. Como eu já havia dito aqui alguma vez (acho), o tempo não pára pra que possamos consertar o que sobrou do coração; podemos somente fazer um remendo aqui e ali e continuar caminhando, enquanto as novas situações dão conta de deixá-lo em condições para outras aventuras. Redescobrir-se através dos olhos de outras pessoas é simplesmente fascinante; dá oportunidade de revermos nossas atitudes, valores e pensamentos sobre nós mesmos.

Ser quem você é não é uma opção, é um compromisso com a própria sanidade mental. Assumir-se é mais importante ainda, vai separar aquelas pessoas que te admiram realmente daquelas que só te acham um rostinho bonito. Divida as coisas, não guarde nada pra si. Fale tudo que vier na cabeça, independente se o outro tiver ou não uma resposta. Não existe felicidade eterna, existem as memórias que você guarda e as que guardam de você. Essas sim são eternas. Essas sim são a verdadeira felicidade.

Ninguém pode ser responsável pela sua própria felicidade. E impingir a co-responsabilidade dela a outros é no mínimo irresponsável. Ser sobrevivente é uma bênção. Amar demais é uma doce maldição. Se entregar a prazeres simples é delicioso. Ler nas entrelinhas nem sempre é bom, surpresas vindas delas podem ser experiências únicas na vida. E, citando o eterno Bruce Lee, na voz doce da Chie Satonaka (Persona 4): "Don't think, feel".