Monday, September 11, 2006

Um pouco além de si mesmo

Feriado prolongado no rancho. Excelente. Amigos, brincadeiras, risadas, represa, porres e tudo mais. Tudo estava do caralho. Até que um fato me fez parar pra pensar. Aliás, dois.

Os fatos não vêm ao caso, eu acho, pra não causarem mais dor ou discussões desnecessárias. Mas eles têm a ver com uma matéria que o Fantástico de ontem (10/09) fez sobre direção e álcool. Mas no caso, direção como um todo. Aliás, morte como um todo.

Pensar que uma pessoa que está ao seu lado pode, num piscar de olhos, não estar mais lá é aterrorizante. "Mas todo mundo passa por isso um dia, é a ordem natural das coisas, tem um lugar melhor depois daqui, quem passa está muito melhor do que a gente, blá blá blá"... Quantas vezes eu mesma não usei esses argumentos? Quantas vezes você já não usou esses argumentos? MAS E DAÍ???

Por um minuto, que se dane tudo isso. Que se dane o fato de todo mundo morrer, que se dane o fato de - espero - existir um lugar melhor, que se dane o mundo e suas palavras de consolo.

Quando acontece, dói. E é uma dor lacinante, louca, que nos deixa sem chão, sem teto, sem amparo desolados. E morram todas as pessoas que dizem "não chora não". MORRAM! Chore sim, berre sim, bata nas coisas, se descabele. É seu direito, é a sua dor. Mas nunca, mesmo nesses momentos, subestime a dor dos outros. Porque dói de maneira diferente, mas dói.

Faço esse post não pra amainar dor de ninguém, mas pra fazer as pessoas pensarem em como nós somos fugazes. Chegamos e partimos. E daí? O que nos faz valer a pena é deixar um pouco de nós em cada um que conhecemos. Fazer com que experiências boas aconteçam, arrancar um sorriso, enxugar uma lágrima, dar um abraço, curtir uma risada. São essas coisas que nos tornam eternos. Mesmo que não seja todos os dias, mesmo que não seja para sempre, mesmo que as coisas mudem drasticamente: deixe uma marca boa nesse mundão de meu Deus. É disso que a gente precisa.

Esse post é em homenagem a todas as pessoas que amamos e que partiram; e a nós, que não sabemos quando vamos, mas que podemos ainda fazer a diferença.