Monday, January 22, 2007

"Isn't it ironic? Don't you think?"

O coração é enorme, bem me diziam.

Levar consigo as mazelas do mundo não adianta, sabe-se disso.

Ver a vida e deixá-la simplesmente como está é injusto.



Um coração quente como poucos.

Grande como menos ainda.

Machucado como alguns outros.



Bóreas sopra infernal como nunca e castiga sem cessar as frágeis e ágeis fibras que cobrem o centro de tudo.

Maltratado, rasgado, ferido.

Pulsando, mesmo contra o vento.



Bóreas... por que?



Num repente, as placas de gelo ficaram mais sólidas.

O que era antes molestado endureceu-se a ponto de molestar as grossas placas de gelo.

Quebrou-as num instante.


E o que era antes só calor, só calmaria

Soube que poderia tornar-se mais do que era.

Podia ser tempestade. Ser mais gelado que Bóreas.


E entendeu que, às vezes, é preciso ser suave para ser forte. É preciso ser firme para ser manso. É preciso bondade para enfrentar a dor. É preciso frieza para aquecer outro coração.

Friday, January 12, 2007

Hoje, eu só quero...

1) "Resetar" o dia;
2) Chegar em casa;
3) Dormir direito;
4) Massagem para melhorar a dor no ombro;
5) Remédio para a dor de cabeça;
6) Ver mais filhotes de cachorro (na feira do Del Rey, quem sabe?!);
7) Dormir mais um pouquinho;
8) Comer comida da mamãe;
9) Rir bastante com as pessoas que eu amo;
10) Passear, ver filme e deitar com a Ártemis;
11) Chupar manga e uva;
12) Sentir o cheiro de folha molhada depois da chuva;
13) Colocar minhas pernas curtas para cima;
14) Tomar um banho com sais de erva doce;
15) Escrever algumas coisas importantes na agenda;
16) Resolver mais coisas na minha vida;
17) Ter surpresas boas no trabalho;
18) Decorar "REDEMPTION";
19) Ganhar coisas bonitinhas;
20) Ficar tranquila.

É incrível como escrever me acalma.

Meu dia começou azedo... e acho que vai terminar bom.

E o próximo cachorrinho está a caminho, aguardem...

Sunday, January 7, 2007

Koan


De volta.

Resolvi dar um tempo nos escritos enquanto ajustava a minha vida.

Milhares de coisas aconteceram nesse meio tempo, o que foi suficiente para me dar novas energias pra começar mais um capítulo dessa vida insana.

O que me deu vontade de voltar foi uma coisa que aconteceu hoje há pouco mais de uma hora.

Dizem que o pássaro azul é o símbolo da felicidade. Sempre me perguntei por que tinha que ser um pássaro, ainda mais azul. Com o passar do tempo aprendi que isso era meramente uma formalidade, uma normatização para que a cabeça das pessoas pudesse funcionar mais uniformemente. Ainda bem que eu nunca gostei de padrões.

Estava lá fora, varrendo o quintal. Minha mãe me chamou para colher uvas, coisa que não acontecia há muito, muito tempo. Rimos, brincamos, quase caí da escada (¬¬''), colhemos mais de uma bacia de uvas julianas, muito roxas e doces.

Voltei à minha tarefa inicial, terminei de varrer e comecei a molhar o quintal e o topo da parreira. Qual não foi a minha surpresa ao ver uma folha se mexendo loucamente até parar numa outra folha.

Estava louca? Não.

Foi a primeira vez que eu vi uma borboleta verde. Veja bem: VERDE. Totalmente. Não é como a maricota, que é rajada de amarelo e laranja. Simplesmente verde. Achei que fosse uma folha porque suas asas imitam exatamente as ranhuras da folha da parreira.

Fiquei imóvel, olhando aquilo. Até que me deu um estalo, busquei minha máquina e registei o momento. Boas fotos que vocês conferem no final do post.

"Tá, que ótimo. E por que a arenga sobre o pássaro azul lá em cima?!"

Explicar-vos-ei.

Sempre preferi borboletas a pássaros (apesar de amar todos os animais - exceto os peixes). E descobri que, em algumas crenças, elas representam o nascimento, a vida. Em outras, representam a passagem, a morte. Verde é a minha cor favorita, desde que me entendo por gente. É uma cor que me fortalece e me inspira.

Tomei então a liberdade de fazer da cena e do fato um koan (como me ensinou o Otávio).

Numa primeira análise, temos a borboleta verde, misturada às folhas da parreira. São coisas aprendidas que retornam à mente e colidem com o símbolo da minha infância, de boas lembranças, de sensações que eram cada vez mais raras, e que agora estão voltando aos poucos. Uma mistura de um sinal de boa sorte com as coisas que devem realmente ficar para a nossa vida - as boas sensações e o aprendizado. Além disso, a dificuldade de perceber a borboleta no meio da paisagem mostra como são raras as oportunidades de termos consciência de coisas como essas, que tornam nossa existência menos vazia e mais complexa; nos deixa menos acomodados e ignorantes.

Essa é só uma interpretação de muitas. Estou trabalhando na segunda interpretação ainda.

Espero que muitas borboletas verdes ainda apareçam para mim. E que me tragam tantas coisas boas quanto essa primeira.

E tente encontrar a borboleta. Um exercício de observação bem bacana.